Podemos voltar a ver o mar?


Ela deixou que crescessem girassóis no seu coração, e assim manteve-se sempre no caminho virada para o sol. Deixou que cada suspiro seu se transformasse numa brisa suave e quente de verão. Os seus olhos, da cor das folhas das árvores e por vezes do mar, continuam doces e a encantar.

Podemos voltar a ver o mar? Assistir ao pôr-do-sol na praia, como em todas aquelas tardes de verão, quando estávamos de férias e não tínhamos qualquer preocupação. Jogávamos às cartas, líamos romances de trazer uma lágrima, ríamos até doer a barriga e cantávamos no carro até já não ser de dia.

Podemos ir ver as estrelas mais uma vez? Vestir as camisolas a condizer, cada uma com a sua manta, lanternas a iluminar o caminho e de mãos dadas lá íamos devagarinho. Conversar sobre o que nos aperta o coração, contar histórias vindas puramente da nossa imaginação, suspirar apenas porque a vida nos é segura e, afinal, o tempo perdura.

Podemos fazer o tempo voltar atrás? De relógios nos pulsos, o tempo parava no meio de tantas gargalhadas. Fotografias que fazem cada momento ser eterno, como se estivéssemos a adivinhar que, afinal, o tempo não é certo.

Podemos continuar a sonhar? Fazer planos para o futuro, cada uma com os seus, mas sempre presentes em cada momento como sempre até aqui aconteceu. Comprar uma casa frente a frente, viajarmos para todo o lado, sermos felizes para sempre e prometermos não ir a nenhum lado.

Podemos dar um abraço apertado? Daqueles que nunca queremos largar, mesmo quando começamos a sentir que o ar nos está a escapar. São mostras de conforto e afeto, que apenas são possíveis porque soube que me ti poderia confiar.

Podemos, apenas, voltar a ver o mar? 

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