A cada página


Livros.

Hoje senti-me inspirada por livros e não pude deixar de escrever sobre o que, para mim, qualquer livro representa. Isto porque estava a ter um dia mau no trabalho, mas quando as tarefas que tinha a realizar dependiam que eu arrumasse e limpasse livros, dei por mim a sentir-me melhor. Como se uma onda de calma e calor chegasse até mim e me preenchesse devagarinho.

Fiz o caminho até casa, sempre com a memória desta sensação que cada livro me provocou, apenas por os observar nas estantes. Assim sendo, peguei no caderno e na caneta e eis o que escrevi.


«Cada livro é uma porta para fugirmos de qualquer realidade - seja ela dura ou dolorosa demais ou dormente demais ou emocionante demais -, entrando assim em mundos de fantasia onde amores nunca morrem, injustiças não existem, vilões são condenados e heróis sempre recompensados. Posso olhar para as estantes, com prateleiras cheias de livros, cada um com o seu tamanho e a sua cor, e tenho o poder de decidir que aventura quero viver, mesmo que somente por um bocadinho, e transformar-me em quem quiser ser.


Os livros são rasgos de luz, mesmo nas noites mais escuras e frias. Com um livro no colo, não sento a solidão brutal que me assombra o coração. No fundo, são toda uma companhia que apenas existe na minha cabeça e enquanto leio, baixinho, cada palavra impressa a tinta preta no papel amarelado. Todo um universo paralelo se espelha na minha cabeça, cheio de som, cheiro, cor e movimento.

Sendo objetos feitos de pequenos momentos de aconchego, os livros aquecem-me devagarinho, como a chama de uma vela acesa. Cheiram a casa, porque sempre que abro um livro uma sensação de tranquilidade, calma e conforto envolve-me de mansinho.


Cada página é um escape de qualquer voz má que possa estar a gritar para mim, magoando-me e isolando-me. Cada palavra lida tira força a essa voz, deixando-a sem espaço para se apoderar dos meus pensamentos. Cada palavra é então uma arma que uso para me proteger de mim própria e do mundo lá fora.

Casa. Cada livro que tenho arrumado nas estantes, estejam eles lidos ou ainda por ler, são janelas que posso sempre abrir para deixar entrar luz na minha vida. Deixo pedacinhos de mim em cada um deles, tal como me vou tornando mais completa a cada leitura. É um paradoxo, eu sei... Mas a verdade é que os livros permitem que os seus leitores se transformem, fazendo-os sentir em casa.»


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