Novelo de caos


Avistei uma tempestade a formar-se no meu céu. Tentei preparar-me para a enfrentar, protegendo-me e reunindo as armas necessárias para lutar. Soube, desde o início, que não a poderia evitar, nem tão pouco fugir.

Até esta tempestade chegar a mim, acreditei que iria ultrapassá-la com grandeza. Não poderia estar mais enganada. Lutei e lutei para que saísse o mais intacta possível, mas o cansaço - o maldito cansaço - levou a melhor e fiquei um bocadinho destruída.

Desisti, derrotada e sem esperança. Olhei em volta, tentando dar alguma ordem ao caos que permanecia. A tempestade deixou um rasto de destruição atrás de si para eu organizar. Perdi a vontade de querer tentar entender qual o lugar de cada coisa. Nada me fazia sentido - parecia que nada tinha lugar ali; que poderia deitar tudo fora, mas sentia que cada coisa era, mesmo assim, importante o suficiente para ficar.

Então, achei melhor começar por uma pontinha e ir sem pressa, como se desenrolasse um novelo de caos. Passo a passo, coisa a coisa, sentimento a sentimento. Afinal, tinha de fazer alguma coisa...

À medida que ia organizando tudo na minha cabeça e no peito, entendi que há tempestades que aparecem no nosso caminho para nos guiar e tornar os nossos dias mais brilhantes. Porque quando a chuva e os trovões vão para longe, as nuvens dão lugar ao sol mais brilhante e ao céu mais azul. E olhamos para tudo o caos que fica com o peito carregado de esperança e um sorriso nos lábios, pois sentimos toda uma certeza de que, no final, sairemos dele vitoriosos.



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