A minha casa



Tenho dias em que apenas quero fugir do trabalho e fazer a viagem de transportes até à estação de comboios mais próxima de casa. Faço esta viagem ansiosamente, lendo ou escrevendo como forma de me distrair, pois sei que estarás no carro à minha espera. Uma vez a sair da estação, em passo apressado, sorrio ao ver como me olhas através do vidro e me dizes «Olá, amor!» quando entro no carro e me sento ao teu lado.

A curta viagem até casa é feita tanto de momentos de tagarelice animada como de silêncios aconchegantes. Sinto a tua mão pousar confortavelmente na minha perna e pego na tua mão. Notas, pelo canto do olho, que te olho e viras-te para mim com um sorriso. Continuamos a cantar a musica que está a passar na rádio e, por momentos, és só tu e eu.

Uma vez em casa, lanchamos e atiramos com os ténis para qualquer canto. O sofá é só nosso, partilhado com uma cadelinha sempre pronta para brincar. Tapamo-nos com uma manta e só então é que eu percebo o quanto estive, todo o dia, à espera deste momento.

Abraças-me com carinho e mexes no meu cabelo, sempre devagarinho. Dou por mim a respirar fundo e a descontrair no teu colo. Consigo esquecer os problemas que me atormentam e apenas nós importamos - a nossa família de três; sempre as três.

Casa.

Percebo que a minha casa não é um lugar. Nunca o foi. Casa não são as paredes que estão à minha volta; não é o teto que me protege da chuva e do frio. Casa não é o sítio onde nasci nem a terra onde cresci; não é a minha infância nem onde fui quase plenamente feliz.

Curioso como uma palavra tão simples - de apenas quatro letras, duas sílabas, tão utilizada no nosso vocabulário - pode significar tanto para mim. E acabo de criar toda uma definição para esta palavra pequenina e que me dá tanta alegria.

CASA:

- O teu sorriso e a forma como me olhas carinhosamente;

- O teu abraço protetor e o conforto da tua mão na minha;

- A tua gargalhada contagiante e a voz doce e tranquila;

- TU. Simplesmente TU.

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