À noite, quando faço viagens de carro, olho pela janela distraidamente. Gosto de ver as ruas iluminadas e as casas com as suas luzes acesas.
Ao ver as janelas abertas, por vezes, consigo perceber o que, para mim, irá caracterizar aquela casa para sempre: um espelho redondo na parede; um quadro abstrato pendurado, uma mesa de jantar meio posta, uma televisão a dar desenhos animados, um fogão com o jantar ao lume, cortinados verdes claros corridos... Imagino como será a pessoa que vive em cada casa e crio uma vida para ela, tendo em conta o pequeno pormenor que consegui ver através da janela do carro.
Invento personagens, dando-lhes um nome, um emprego, uma família, traços de personalidade e características físicas que as tornam únicas. Construo histórias, que geralmente começam com um simples objeto pendurado numa parede.
Cada história é uma página em branco, pronta para me levar a viver uma aventura inventada. Apenas tenho de permitir que à minha imaginação fazer todo o trabalho: viajo pelo mundo; vivo, com as personagens que crio, cada momento da sua vida; choro e rio sem saber bem como nem porquê.
Mas é este o poder da imaginação: faz-nos viver, sonhar e criar coisas maravilhosas, que nos preenchem a alma e nos salvam nos momentos mais negros. Tudo começa com uma janela aberta e uma luz acesa.
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